Bem-vindos ao mundo mágico das letras. O lugar em que a ficção se torna a nossa realidade. Viajar pelo mundo mágico da leitura é descobrir em cada canto de nós mesmos um pedacinho do universo. Somos seres necessitados de histórias e seres necessários para a História. É através da viagem pela leitura que adquirimos o conhecimento, tão necessário para a construção de um mundo melhor. Façamos uma boa viagem!
sábado, 29 de junho de 2013
O
MITO DA CAVERNA
(PLATÃO)
O mito da caverna, escrito
há quase 2500 anos, também chamado de “Alegoria da Caverna”, foi escrito pelo
filósofo Platão, e encontra-se na obra intitulada A República (livro VII).
O
mito ou “Alegoria” da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da
Filosofia, sendo parte constituinte do livro VI de “A República” onde Platão
discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do
Estado ideal.
A narrativa expressa dramaticamente a imagem
de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma
caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira.
Essa, ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc.
são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto,
as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que
aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão
nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de
aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem,
se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades.
Imaginemos agora que um destes prisioneiros é
forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o
que permitia a visão era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as
estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas
sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da
verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse
arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão
imediatamente e só depois de muito habituar-se à nova realidade, poderia voltar
a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber
que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas,
sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a
verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em
perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta
fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor
que aquece etc.).
Maravilhado com esse novo mundo e com o
conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro
lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá
levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em que estavam
envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que descobriu. No
entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade
que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco
e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.
Este modo de contar as coisas tem o seu
significado: os prisioneiros somos nós que, segundo nossas tradições
diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as
noções sem que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas
acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é o mundo ao nosso
redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os conceitos,
formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos,
pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para
entender e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para
isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora da
caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo inteligível por
possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e
imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O inteligível é o reino
das matemáticas que são o modo como apreendemos o mundo e construímos o saber
humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o homem esclarecido tem
de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância e do mal para
construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol representa a
Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao homem
conhecer e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o confundiu com
Deus).
Portanto, a alegoria da caverna é um modo de
contar imageticamente o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para
entenderem, já que, pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir
pela maioria ignorante.
Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
INTERTEXTUALIDADE
Maurício de Souza utilizou a temática da Alegoria da Caverna para nos mostrar através da HQ, quais são nossas prisões modernas. O ser humano do século XXI não percebe o mundo a sua volta - o mundo real - e prefere viver no mundo das "ideias" representada pela televisão.
Através dessa reflexão é possível identificar as inúmeras amarras que privam o homem da liberdade.
REFLETINDO:
Nos dias atuais, quais são nossas reais cavernas?
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