Cantinho do autor (prosa)


Festa Literária no Céu

      Ninguém nos avisou com antecedência dessa reunião no céu. Os literatos de plantão se foram, um a um. E, nós, pobres leigos mortais, nem tivemos tempo, ou ciência de nos despedirmos.
     Primeiro Ivan, o Junqueira, deixando vazia a cadeira 37 da ABL, silenciosos os versos que esperavam nascer indo dar-lhes à luz dO Outro Lado e sem tradução as obras que o esperavam para serem saboreadas na língua portuguesa.
Seguindo os passos de Junqueira rumo à morada eterna, com toda sua baianisse, nosso jornalista, cronista, professor, advogado, roteirista de voz sensual, João, o Ubaldo Ribeiro, disponibilizando a cadeira 34 para quem demonstrar o talento e sapiência que o acompanhou pelos seus 73 anos de caminhada bem vividos. E, que esteja vivo na lembrança do povo que ele tanto exaltou, Viva o Povo Brasileiro, pois O Sorriso do Lagarto se calou.
     Talvez a inveja (boa) tenha batido à porta do mineiro, e ele resolveu seguir os amigos com a intenção de cuidar dos jardins celestiais. Por isso partiu  nosso psicanalista teólogo, educador, cronista, poeta Rubem Alves. Quem sabe agora tenha desvendado os mistérios das religiões que por tanto tempo o perseguiram, assim como os importunos da ditadura. Suas palavras ficarão para nos direcionar nos momentos de crise existencial, quando assim dizia: "Eu achava que religião não era para garantir o céu, depois da morte, mas para tornar esse mundo melhor, enquanto estamos vivos." É isso que também acho.
        E, agora lá vai Ariano, o Suassuna, talvez, dramatizar o Auto da Compadecida em um cenário preparado à sua pessoa. Que Deus se compadeça de nós, pela sua ausência e, que A Pedra do Reino, seja o marco da saudade que fará ser lembrado por aqueles que jamais o esquecerão e conhecido por aqueles que não foram agraciados por tal oportunidade.
        Enquanto, cá na terra, homenagens e lágrimas são espalhadas, lá no céu o grande encontro deve estar sendo festejado pelos anjos e querubins que terão a companhia eterna dos artistas das palavras. A população celeste deve estar em júbilo, enquanto a minha biblioteca veste luto. Descansem em paz!
Neuceli Maria








Nosso livro preferido
Autora: Mamãe
Ilustração: O filho





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História de um povo simples


Há muito tempo atrás, lá pelos idos do ano de 2013, início do século XXI, existia um povo muito inocente habitando uma vasta e belíssima região da Terra. Esse povo atendia pelo nome de Brasileiro. Gente simples, esperançosa, otimista com o futuro. Acreditava em tudo o que ouvia: histórias de políticos, pesquisas do governo sobre Educação, pastores pregando o fim da violência e até em heróis que chegariam para salvar a Pátria.

O tempo foi passando e o povo brasileiro continuava mergulhado em sua ingenuidade. A vida não era fácil, mas confiavam numa época melhor. Chegaria um tempo de paz porque eram donos de uma imensa região cheia de riquezas.
Contudo, essa riqueza que despertava orgulho nesse povo, era também a riqueza que despertava a cobiça do povo do Norte. Aqueles que habitavam o Norte, ao contrário do povo Brasileiro, era astuto e trazia a malícia nos seus atos.
Usando a diplomacia o inimigo foi chegando e, aos poucos, fincando suas garras naquela gente acrítica e sem conhecimento. E, cada vez mais aquele povo foi sendo hostilizado. As tribos vizinhas logo se aliaram aos povos do Norte, porém, o povo brasileiro, ansiando preservar sua identidade, resistia. Aqueles mais instruídos ainda tentaram alertar para o “perigo”:
-- Temos que reagir! Nossa gente está inativa! Lutemos por nosso espaço!
Qual nada! Aquela gente não tinha força nenhuma, nem sabiam o que fazer. Foi, então, que tudo aconteceu com a chancela deles mesmos.
Certa manhã ao acordar deparou com o inimigo que já não mais podiam combater. O povo do Norte chegou sorrateiramente, invadiu seus quintais, apossou-se de seu jardim a que chamavam de Floresta Amazônica, desviou seus lençóis freáticos, tomou flora e fauna e levou o povo (os mais jovens e mais fortes) para os campos de trabalho. Os outros... Ah! Os outros ficaram a mercê de sua própria sorte até serem totalmente devorados pela vastidão inóspita daquela terra. 
(Neuceli Maria)

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