A obra O Cortiço, de Aluísio Azevedo, publicado em 1890 faz uma crítica social e uma crítica ao capitalismo selvagem, o retrato de uma época. O autor, influenciado pelas correntes filóficas do positivismo( a ciênca prova tudo), darwinismo (evolução da espécies) e determinismo (o meio determina o homem), torna-se figura importante na escola literária do naturalismo (realismo radical) no Brasil.
Esse livro que tem sido, tantas vezes, ojerizado pelos alunos, faz parte da lista de leituras obrigatórias dos principais vestibulares do país. Numa observação mais minuciosa do porquê ser um livro que os jovens estudantes desenvolvem antipatia, percebe-se que a ausência de romantismo na obra, a realidade apresentada de forma nua e crua, acaba chocando o jovem ainda não crítico. O trabalho da escola e, principalmente, do professor de literatura é apresentar o contexto histórico-social da época para que o aluno compreenda a obra literária como um retrato de um tempo e, porque não, um documento histórico de grande valor para a compreensão da realidade atual. Afinal, qual a diferença entre a desigualdade social do século XIX e do século XXI?
Trata-se, pois, de uma obra de riquíssimo conteúdo para ser lida, analisada e discutida no ambiente escolar. Uma excelente contribuição para o despertar da criticidade em nossos jovens, habilidade imprescidível nos dias atuais.
Boa leitura! Grandes aprendizados!
Neuceli
O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.
Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois.
Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa.
No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos.
A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos.
O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão.
O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado.
Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.
Lista de personagens
Os personagens da obra são psicologicamente superficiais, ou seja, há a primazia de tipos sociais. Os principais são:
João Romão: taverneiro português, dono da pedreira e do cortiço. Representa o capitalista explorador.
Bertoleza: quitandeira, escrava cafuza que mora com João Romão, para quem ela trabalha como uma máquina.
Miranda: comerciante português. Principal opositor de João Romão. Mora num sobrado aburguesado, ao lado do cortiço.
Jerônimo: português “cavouqueiro”, trabalhador da pedreira de João Romão, representa a disciplina do trabalho.
Rita Baiana: mulata sensual e provocante que promove os pagodes no cortiço. Representa a mulher brasileira.
Piedade: portuguesa que é casada com Jerônimo. Representa a mulher europeia.
Capoeira Firmo: mulato e companheiro que se envolve com Rita Baiana.
Arraia-Miúda: representada por lavadeiras, caixeiros, trabalhadores da pedreira e pelo policial Alexandre.
Sobre Aluísio de Azevedo
Aluísio de Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão, em 14 de abril de 1857. Após concluir seus estudos na terra natal, transfere-se em 1876 para o Rio de Janeiro, onde prossegue seus estudos na Academia Imperial de Belas-Artes. Começa, então, a trabalhar como caricaturista para jornais.
Com o falecimento do pai em 1879, Aluísio de Azevedo retorna ao Maranhão para ajudar a sustentar a família, época em que dá início à carreira literária movido por dificuldades financeiras. Assim, publica em 1880 seu primeiro livro, Uma lágrima de mulher. Com a questão abolicionista ganhando cada vez mais espaço no final do século XIX, publica em 1881 o romance "O mulato", obra que inaugurou o Naturalismo no Brasil e que escandalizou a sociedade pelo modo cru com que trata a questão racial. Devido ao sucesso que a obra obteve na corte, Aluízio volta à capital imperial e passa a exercer o ofício de escritor, publicando diversos romances, contos e peças de teatro.
Em 1910 instala-se em Buenos Aires trabalhando como cônsul e vem a falecer três anos depois nessa mesma cidade em 21 de janeiro de 1913.
Suas principais obras são: "O mulato" (1881), "Casa de pensão" (1884) e "O cortiço" (1890).
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/cortico-resumo-obra-aluisio-azevedo-700291.shtml
Exercicíos
sobre o livro O Cortiço – Aluísio Azevedo
O romance “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, é figurinha fácil nas provas
de vários vestibulares. Essa obra está com frequência entre os livros
obrigatórios de concursos de todo o País.
Resolva a seguir os exercícios que preparamos sobre O Cortiço .
Bons estudos!
1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.
I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a
animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura
naturalista.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.
IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.
IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.
Está(ão) correta(s)
a)
todas.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.
2. (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se
pede:
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos,
mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.
[…].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.
[…].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do
fragmento citado:
a)
No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é
apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.
3. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do
romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas
ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao
ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas
velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem
nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo
desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos
de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a
trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam
sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)
Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se
posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente, preocupado em oferecer
uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é
testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo
mais direto e explícito em:
a)
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas
ameaçadas pelo fogo.
b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…
d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…
b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…
d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…
4. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do
romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas
ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao
ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas
velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem
nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo
desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos
de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a
trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam
sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)
O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo oferece, de maneira
figurada, um retrato de nosso país, no final do século XIX. Põe em evidência a
competição dos mais fortes, entre si, e estes, esmagando as camadas de baixo,
compostas de brancos pobres, mestiços e escravos africanos. No ambiente de
degradação de um cortiço, o autor expõe um quadro tenso de misérias materiais e
humanas. No fragmento, há várias outras características do Naturalismo. Aponte
a alternativa em que as duas características apresentadas são corretas:
a)
Exploração do comportamento anormal e dos instintos baixos; enfoque da
vida e dos fatos sociais contemporâneos ao escritor.
b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o meio ambiente.
c) Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos fatos; crítica aos valores burgueses e predileção pelos mais pobres.
d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde com a idéia de Deus; utilização de preciosismos vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a enunciação e os fatos enunciados.
e) Exploração de um tema em que o ser humano é aviltado pelo mais forte; predominância de elementos anticientíficos, para ajustar a narração ao ambiente degradante dos personagens.
b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o meio ambiente.
c) Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos fatos; crítica aos valores burgueses e predileção pelos mais pobres.
d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde com a idéia de Deus; utilização de preciosismos vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a enunciação e os fatos enunciados.
e) Exploração de um tema em que o ser humano é aviltado pelo mais forte; predominância de elementos anticientíficos, para ajustar a narração ao ambiente degradante dos personagens.
5. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do
romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas
ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao
ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas
velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem
nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo
desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos
de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a
trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam
sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)
Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção aos dois trechos a
seguir:
Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de
crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero.
(…)
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
(…)
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias que
configuram imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio Azevedo apresenta
características psicológicas de comportamento comunitário. Aponte a alternativa
que explicita o que os dois trechos têm em comum:
a)
Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e
preocupação de poucos em relação à tragédia comum, no segundo trecho.
b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no segundo trecho.
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem se é ajudado, no segundo trecho.
d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa por apatia, no segundo trecho.
e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos por todos”, no segundo trecho.
b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no segundo trecho.
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem se é ajudado, no segundo trecho.
d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa por apatia, no segundo trecho.
e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos por todos”, no segundo trecho.
6. (ESPM) Dos segmentos abaixo, extraídos de O Cortiço, de Aluísio
Azevedo, marque o que não traduza exemplo de zoomorfismo:
a) Zulmira tinha então doze para treze anos e era o tipo acabado de
fluminense; pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do
nariz, das pálpebras e dos lábios, faces levemente pintalgadas de sardas.
b) Leandra…a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo.
c) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
d) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa começou a minhocar,… e multiplicar-se como larvas no esterco.
e) Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito…
b) Leandra…a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo.
c) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
d) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa começou a minhocar,… e multiplicar-se como larvas no esterco.
e) Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito…
7. (UEL) A questão refere-se aos trechos a seguir.
“Justamente por essa ocasião vendeu-se também um sobrado que ficava à
direita da venda, separado desta apenas por aquelas vinte braças; e de sorte
que todo o flanco esquerdo do prédio, coisa de uns vinte e tantos metros,
despejava para o terreno do vendeiro as suas nove janelas de peitoril.
Comprou-o um tal Miranda, negociante português, estabelecido na rua do Hospício
com uma loja de fazendas por atacado.”
“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes piores e mais grossas do que serpentes miravam por toda parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”
“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes piores e mais grossas do que serpentes miravam por toda parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 23;
33.)
Com base nos fragmentos citados e nos conhecimentos sobre o romance O
Cortiço, de Aluísio Azevedo, considere as afirmações a seguir:
I. A descrição do cortiço, feita através de uma linguagem metafórica,
indica que, no romance, esse espaço coletivo adquire vida orgânica,
revelando-se um “ser” cuja força de crescimento assemelha-se ao poderio de
raízes em desenvolvimento constante que ameaçam tudo abalar.
II. A inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao fato de que sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma construção imponente, não possuía uma estrutura capaz de suportar o crescimento desenfreado do vizinho, que ameaçava derrubar sua habitação.
III. Não obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de aparência física dos ambientes, os moradores de um e outro espaço não se distinguem totalmente, haja vista que seus comportamentos se assemelham em vários aspectos, como, por exemplo, os de João Romão e Miranda.
IV. Os dois ambientes descritos marcam uma oposição entre o coletivo (o cortiço) e o individual (o sobrado) e, por extensão, remetem também à estratificação presente no contexto do Rio de Janeiro do final do século XIX.
II. A inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao fato de que sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma construção imponente, não possuía uma estrutura capaz de suportar o crescimento desenfreado do vizinho, que ameaçava derrubar sua habitação.
III. Não obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de aparência física dos ambientes, os moradores de um e outro espaço não se distinguem totalmente, haja vista que seus comportamentos se assemelham em vários aspectos, como, por exemplo, os de João Romão e Miranda.
IV. Os dois ambientes descritos marcam uma oposição entre o coletivo (o cortiço) e o individual (o sobrado) e, por extensão, remetem também à estratificação presente no contexto do Rio de Janeiro do final do século XIX.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a)
I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
8. (UFLA) Relacione os trechos da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo,
às características realistas/naturalistas seguintes que predominam nesses
trechos e, a seguir, marque a alternativa CORRETA:
1. Detalhismo.
2. Crítica ao capitalismo selvagem.
3. Força do sexo.
2. Crítica ao capitalismo selvagem.
3. Força do sexo.
( ) “(…) possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava
resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima
de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estepe cheio de palha.”
( ) “(…) era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das
sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o
atordoara nas matas brasileiras.”
( ) “E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre
por fazer (…) Era um pobre diabo caminhando para os setenta anos, antipático,
muito macilento.”
a)
2, 1, 3
b) 1, 3, 2
c) 3, 2, 1
d) 2, 3, 1
e) 1, 2, 3
b) 1, 3, 2
c) 3, 2, 1
d) 2, 3, 1
e) 1, 2, 3
9. (UNIFESP / SP) Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com
que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente,
preocupado em oferecer uma visão crítico- analística dos fatos. A sugestão de
que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados
aparece de modo mais direto e explícito em:
a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem
casinhas ameaçadas pelo fogo.
b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…
d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…
b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…
d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…
10. (UEL) Texto 1
De cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais
de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a todos, numa solidariedade
briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a polícia entrasse ali pela
primeira vez. Enquanto se tratava de uma simples luta entre dois rivais, estava
direito! ‘Jogassem lá as cristas, que o mais homem ficaria com a mulher!’ mas
agora tratava-se de defender a estalagem, a comuna, onde cada um tinha a zelar
por alguém ou alguma coisa querida.
(AZEVEDO, Aluísio, O cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 139.)
Texto 2
O cortiço é um romance de muitas personagens. A intenção evidente é a de
mostrar que todas, com suas particularidades, fazem parte de uma grande
coletividade, de um grande corpo social que se corrói e se constrói
simultaneamente.
(FERREIRA, Luiz Antônio. Roteiro de leitura: O cortiço de Aluísio
Azevedo. São Paulo: Ática, 1997. p. 42.)
Sobre os textos, assinale a alternativa correta.
a) No Texto 1, por ser ele uma construção literária realista, há o
predomínio da linguagem referencial, direta e objetiva; no Texto 2, por ser ele
um estudo analítico do romance, há o predomínio da linguagem estética, permeada
de subentendidos.
b) A afirmação contida no Texto 2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo que também se observa no Texto 1, o que justifica o prevalecimento de um termo coletivo como título do romance.
c) Tanto no Texto 1 quanto no Texto 2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço, sendo este considerado um lugar de harmonia e justiça.
d) No Texto 1 prevalece a desagregação e corrosão da grande coletividade a que se refere o Texto 2.
e) O que se afirma no Texto 2 vai contra a idéia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre os seus moradores.
b) A afirmação contida no Texto 2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo que também se observa no Texto 1, o que justifica o prevalecimento de um termo coletivo como título do romance.
c) Tanto no Texto 1 quanto no Texto 2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço, sendo este considerado um lugar de harmonia e justiça.
d) No Texto 1 prevalece a desagregação e corrosão da grande coletividade a que se refere o Texto 2.
e) O que se afirma no Texto 2 vai contra a idéia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre os seus moradores.
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