sábado, 27 de fevereiro de 2016

A LITERATURA DOS VESTIBULARES - 2016

VESTIBULAR 2016
Facasper
Faculdade Cásper Líbero
Livros
Viagens na minha terra (1846) - Almeida Garrett
Papéis avulsos (1882) - Machado de Assis
A cidade e as serras (1901)- Eça de Queiroz
Capitães da areia (1937) - Jorge Amado
Os melhores contos de João Antônio (1997)
Toda poesia (2013) - Paulo Leminski
Filmes
Corações e mentes (1974), Peter Davis
Trabalho interno (2010), Charles Ferguson
Tropicália (2011), Marcelo Machado
O dia que durou 21 anos (2012), Camilo Tavares

Fuvest 
Fundação Universitária para o Vestibular
Viagens na minha terra – Almeida Garrett
Til – José de Alencar
Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida
Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
O cortiço – Aluísio Azevedo
A cidade e as serras – Eça de Queirós
Vidas secas – Graciliano Ramos
Capitães da areia – Jorge Amado
Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade 
PUCPR
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Inocência – Visconde de Taunay
Felicidade clandestina – Clarice Lispector
Dom Casmurro – Machado de Assis
São Bernardo – Graciliano Ramos
Contos de Belazarte – Mario de Andrade
Muitas Vozes – Ferreira Gullar
O pagador de promessas – Dias Gomes
PUC-SP
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
A Cidade e as Serras - Eça de Queirós
Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida
Memórias Póstumas de Brás Cuba– Machado de Assis
Sentimento do Mundo – Carlos D Andrade
Vidas Secas – Graciliano Ramos
UEM
Universidade Estadual de Maringá 
Antologia poética - Carlos Drummond de Andrade
Contos novos - Mário de Andrade
Dois irmãos - Milton Hatoum
Eu e outras poesias - Augusto dos Anjos
Iracema - José de Alencar
Melhores poemas - Cecília Meireles
Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Negrinha - Monteiro Lobato
O rei da vela - Oswald de Andrade
Sermões do Padre Vieira - Padre Antônio Vieira
UEL
Universidade Estadual de Londrina
Papéis avulsos – Machado de Assis
O Planalto e a Estepe – Pepetela
Bagagem – Adélia Prado
O pagador de promessas – Dias Gomes
Doze reis e a moça no labirinto do vento – Marina Colasanti
A máquina de madeira – Miguel Sanches Neto
Toda Poesia – Paulo Leminski
Eurico, o Presbítero – Alexandre Herculano
A traição das elegantes ou 200 crônicas escolhidas – as melhores de Rubem Braga – Rubem Braga
O cabeleira – Franklin Távora 
UEPG
Universidade Estadual de Ponta Grossa
Amar, Verbo Intransitivo - Mário de Andrade
A morte e a morte de Quincas Berro D'água - Jorge Amado
Livro sobre nada - Manoel de Barros
O filho eterno - Cristóvão Tezza
O ovo apunhalado - Caio Fernando Abreu
Udesc
Universidade do Estado de Santa Catarina 

O cortiço - Aluísio Azevedo
O Santo e a Porca - Ariano Suassuna
Além do Ponto e outros contos - Caio Fernando Abreu
A Majestade do Xingu - Moacyr Scliar
Melhores Contos - Salim Miguel 
Ucafe
Associação Catarinense das Fundações Educacionais
O cortiço - Aluísio Azevedo
O fantástico na ilha de Santa Catarina - Franklin Cascaes
Várias histórias - Machado de Assis
A hora da Estrela - Clarice Lispector
A Majestade do Xingu - Moacyr Scliar
UEMA
Universidade Estadual do Maranhão 

A rosa do povo - Carlos Drummond de Andrade
Vidas Secas - Graciliano Ramos
Auto da barca do inferno - Gil Vicente
UFPR
Universidade Federal do Paraná

A Última Quimera - Ana Miranda
Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade
Eles Não Usam Black-Tie - Gianfrancesco Guarnieri
Fogo Morto - José Lins do Rego
Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
Lucíola - José de Alencar
O Bom Crioulo -  Adolfo Caminha
Os Dois ou o Inglês Maquinista -  Luís Carlos Martins Pena
Poemas Escolhidos -  Gregório de Matos (organização de José Miguel Wisnik)
Várias Histórias -   Machado de Assis
UFES
Universidade Federal do Espírito Santo

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - Clarice Lispector
Primeiras estórias (contos: Famigerado, A menina de lá, A terceira margem do rio, Pirlimpsiquice, Darandina) – Guimarães Rosa
O Livro de Cesário Verde – Cesário Verde
Os dias impares – Sérgio Blank
AvóDezanove e o segredo do soviético – Ondajaki
Lavoura arcaica – Raduan Nassar
Campeões do Mundo – Dias Gomes
UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
Além do Ponto e outros contos - Caio Fernando Abreu
O cortiço - Aluísio de Azevedo
O fantástico na ilha de Santa Catarina - Franklin Cascaes
A hora da Estrela - Clarice Lispector
A Majestade do Xingu - Moacyr Scliar
Poesia Marginal - Vários autores
O Santo e a Porca - Ariano Suassuna
Várias histórias - Machado de Assis
UFRGS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul​​
Coletânea Fernando Pessoa
Autopsicografia;
Isto;
Pobre velha música;
Qualquer música;
Natal...Na província neva;
Ela canta, pobre ceifeira;
Não sei se é sonho, se realidade;
Não sei quantas almas tenho;
Viajar! Perder países!;
Liberdade;
Lá fora vai um redemoinho de sol os cavalos do carrossel... ( poema V de Chuva Oblíqua);
O maestro sacode a batuta ( poema VI de Chuva Oblíqua);
Padrão (Mensagem);
Noite (Mensagem);
O infante ( Mensagem);
Mar português ( Mensagem);
Nevoeiro (Mensagem)
As Parceiras - Lya Luft
Terras do Sem Fim - Jorge Amado
Contos do livro "Dançar tango em Porto Alegre", de Sergio Faraco:
Dois guaxos;
Travessia;
Noite de matar um homem;
Guapear com frangos;
O vôo da garça-pequena;
Sesmarias do urutau mugidor;
A língua do cão chinês;
Idolatria;
Outro brinde para Alice;
Guerras Greco-Pérsicas;
Majestic Hotel;
Não chore, papai;
Café Paris;
A dama do bar Nevada;
Um aceno na garoa;
No tempo do trio Los Panchos;
Conto do inverno;
Dançar tango em Porto Alegre.
Contos de Murilo Rubião:
O pirotécnico Zacarias;
O ex-mágico da Taberna Minhota;
Bárbara;
A cidade;
Ofélia, meu cachimbo e o mar;
A flor de vidro;
Os dragões;
Teleco, o coelhinho;
O edifício;
O lodo;
O homem do boné cinzento;
O convidado.
Unicamp
Universidade Estadual de Campinas
Poesia
Sentimento do mundo - Carlos Drummond de Andrade
Sonetos - Luis de Camões
Contos
Amor, do livro Laços de família - Clarice Lispector
A hora e a vez de Augustro Matraga, do livro Sagarana - Guimarães Rosa
Negrinha, do livro Negruinha - Monteiro Lobato
Teatro
Viagens na minha terra - Almeida Garret
O cortiço - Aloísio de Azevedo
Capitães da areia – Jorge Amado
Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis                                                                                
Terra sonâmbula - Mia Couto
Unicentro 
Universidade Estadual do Centro-Oeste
A Falecida – Nelson Rodrigues
Capitães da Areia – Jorge Amado
Então você quer ser escritor? – Miguel Sanches Neto
Laços de Família – Clarice Lispector
Memorial de Aires – Machado de Assis
Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida
O Primo Basílio – Eça de Queirós
Primeiras Estórias – João Guimarães Rosa
Toda Poesia – Paulo Leminski
Vidas Secas – Graciliano Ramos
UPF
Universidade de Passo Fundo
Senhora - José de Alencar
Contos definitivos - Machado de Assis
São Bernardo - Graciliano Ramos
A rosa do povo - Carlos Drummond de Andrade
Primeiras Estórias – João Guimarães Rosa
Um certo Capitão Rodrigo - Érico Veríssimo
Unitau
Universidade de Taubaté
Libertinagem - Manuel Bandeira
O guardador de rebanhos - Fernando Pessoa
Casa de pensão - Aluísio Azevedo
Capitães da Areia - Jorge Amado
O último voo do flamingo - Mia Couto
A hora e a vez de Augusto Matraga - Guimarães Rosa
Primeiro de maio e Vestida de preto - Mário de Andrade
O alienista, Teoria do Medalhão, Uns braços e O enfermeiro - Machado de Assis
UPE
Universidade de Pernambuco

SSA 1


Cartas Chilenas - Tomás Antônio Gonzaga
Antologia – Gregório de Matos
Cronistas do Descobrimento -  Antonio Carlo Olivieri e  Marco Antonio Villa
Terra Papagalli - José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta
Auto da Barca do Inferno – Gil Vicente
SSA 2
Antologia de poesia brasileira: romantismo – Castro Alves
Senhora – José de Alencar
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
O Cortiço – Aluísio de Azevedo
Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antonio de Almeida
SSA 3
A História de Bernarda Soledade – Raimundo Carrero
A Hora da Estrela – Clarice Lispector
Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto
Vidas secas – Graciliano Ramos
Primeiras Estórias – João Guimarães Rosa
A Farsa da Boa Preguiça – Ariano Suassuna 
Confira aqui a lista de filmes exigidos 
UESB
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Eu e as outras poesias - Augusto dos Anjos
O Santo e a Porca - Ariano Suassuna
Sermão da Sexagésima - Padre Antônio Vieira
Filmes
Sem Pena (2014)
Relatos Selvagens (2014)
O Menino e o Mundo (2014)
UEMG
Universidade do Estado de Minas Gerais
Olhos d'água - Conceição Evaristo
Crônicas para ler na escola - Zuenir Ventura
UFLA
Universidade Federal de Lavras
Processo de Avaliação Seriada - PAS
PAS 1ª Etapa
Poemas escolhidos de Gregório de Matos
Marília de Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga
PAS 2ª Etapa
Melhores Poemas de Álvares de Azevedo
Esaú e Jacó - Machado de Assis
O Cortiço - Aluísio Azevedo
PUC-GO
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Os melhores poemas de Jorge de Lima - Jorge de Lima 
Os tambores da tempestade - Delermando Vieira
Quincas Borba - Machado de Assis
Mesa dos inocentes - Adelice da Silveira Barros
Das estampas - Aguinaldo Gonçalvez
Sangue Verde - David Gonçalves
Melhores contos - Moacyr Scliar
O beijo no asfalto: uma tragédia carioca em três atos - Nelson Rodrigues
UFRR
Universidade Federal de Roraima
1ª Etapa – E1
O Guru da Floresta - José Vilela
Dois Irmãos - Milton Hatoum
2ª Etapa – E2
O Garimpeiro – Bernardo Guimarães
Navio Negreiro – Castro Alves
3ª Etapa - E3
A Mulher do Garimpo – Nenê Macaggi
Terras do Sem-Fim – Jorge Amado
URCA
Universidade Regional do Cariri
Faca  Ronaldo Correia de Brito
Contros Negreiros  Marcelino Freire
Para viver um grande amor  Vinícius de Moraes
O silência laminado do casulo  Cleílson Pereira Ribeiro
Aves de Arribação  Antônio Sales
As odes de Ricardo Reis  Fernando Pessoa
UFGD
Universidade Federal da Grande Dourados 
 Menino de engenho - José Lins do Rego
 Ficções do interlúdio - Fernando Pessoa
 Lucíola - José de Alencar
 Seminário dos ratos - Lygia Fagundes Telles
 Dois irmãos - Milton Hatoum
 Beijo no asfalto - Nelson Rodrigues
 A obra cinematográfica Terra Vermelha - Marcos Bechis.


Leia mais: http://vestibular.mundoeducacao.bol.uol.com.br/obras-literarias/#ixzz41PYp6KWZ

CAPITÃES DA AREIA ( Jorge Amado)




Capitães da Areia, de Jorge Amado é uma das obras mais cobradas nos principais vestibulares do país. Uma leitura obrigatória para todos os estudantes.



O romance, que retrata o cotidiano de um grupo de meninos de rua, procura mostrar não apenas os assaltos e as atitudes violentas de sua vida bestializada, mas também as aspirações e os pensamentos ingênuos, comuns a qualquer criança.



Resumo da obra


Resumo
No início da obra há uma série de reportagens fictícias que explicam a existência de um grupo de menores abandonados e marginalizados que aterrorizam a cidade de Salvador e é conhecido por Capitães da Areia. Após esta introdução, inicia-se a narrativa que gira em torno das peripécias desse grupo que sobrevive basicamente de furtos. Porém, apesar de certa linearidade, a história é contada em função dos destinos de cada integrante do grupo de forma a montar um quebra-cabeça maior.

O chefe do grupo Capitães da Areia é um jovem chamado Pedro Bala, um menino loiro e filho de um grevista morto no cais. Tinha ido parar na rua por volta dos cinco anos de idade e desde jovem já se mostrava corajoso e o mais capacitado a se tornar o líder das crianças. O grupo ocupava um trapiche abandonado na praia e era formado por mais de cinquenta crianças, sendo que algumas vão sendo apresentadas aos poucos durante a narrativa. 

Uma delas era o Professor, que sabia ler e passava as noites lendo livros à luz de vela. Algumas vezes ele lia as histórias para os outros do grupo ou então criava as suas próprias narrativas a partir do que lera. Outra personagem que compõe o grupo é Gato, conhecido assim por ser tido como um dos mais bonitos ali. Quando entrou no grupo um dos meninos tentou se relacionar com ele, mas Gato não quis. Sendo muito vaidoso, tentava andar arrumado na medida do possível e de acordo com sua realidade de menino de rua. Gato se apaixona por uma prostituta chamada Dalva, que irá ter um romance com o jovem após ser abandonada por seu amante.

Outra personagem que merece destaque é Sem Pernas, um menino que uma vez fora pego pela polícia e por isso passou a ser um jovem amargo e que odiava a tudo. Por ser manco, às vezes era usado nos assaltos a casas: ele batia nas portas das casas dizendo que era um órfão aleijado e pedia ajuda. Ganhando confiança dos moradores, ele descobria o que tinha de valor na casa e depois relatava aos Capitães da Areia.

Por fim, outras personagens são: Volta Seca, que se dizia afilhado de Lampião e sonhava integrar o bando desse; Pirulito, um menino de forte convicção religiosa e que irá abandonar o roubo; Boa Vida, jovem esperto e que se contenta com pouco; e o negro João Grande, que tinha o respeito dos demais do grupo por sua coragem e tamanho. Ao lado dessas personagens centrais que formam o grupo, encontra-se ainda o Padre José Pedro, que era amigo dos meninos e procurava cuidar deles da forma que considerava mais correta, e a mãe-de-santo D. Aninha.

Em certo momento da narrativa, a varíola passa a assustar os moradores da cidade. Um dos meninos do grupo contrai a doença e é internado. Nessa altura, surge Dora e Zé Fuinha, cuja mãe também morreu por causa da varíola, e eles passam a integrar o bando. No início alguns jovens tentaram se relacionar com Dora, mas são impedidos por Pedro Bala, Professor e João Grande. Porém, Dora e Pedro Bala passam a ter certo envolvimento amoroso.

Certo dia alguns dos meninos foram pegos em um assalto, mas foram protegidos por Pedro Bala e somente ele e Dora foram levados presos. Ela foi levada para um orfanato, enquanto Pedro Bala foi torturado pela polícia e mantido preso em uma solitária por oito dias. Algum tempo depois, os meninos conseguem ajudar Pedro a se livrar do reformatório e partem para libertar Dora também. Porém, encontram-na muito doente e ela passa apenas mais alguns dias com os meninos antes de morrer.

Após a morte de Dora o grupo vai sofrendo algumas alterações. Pirulito parte com o Padre José Pedro para trabalhar com ele na igreja, Sem Pernas acaba morrendo em uma fuga da polícia e Gato vai para Ilhéus com Dalva, de quem é cafetão. Já Professor conseguiu entrar em contato com um homem que lhe oferecera ajuda e tornou-se pintor no Rio de Janeiro retratando as crianças baianas. Por fim, Volta Seca conseguiu se tornar um cangaceiro de seu “padrinho” Lampião. Após cometer muitas mortes e crimes, a polícia prende Volta Seca e ele é condenado.

Cada vez mais fascinado com as histórias de seu pai sindicalista que morrera em uma greve, Pedro Bala passa a se envolver em greves e lutas a favor do povo. Assim, movido por ideais comunistas e revolucionários, Pedro Bala passa o comando do bando para outro menino e parte para se tornar um militante proletário. 

Narrador
O romance é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente (que sabe tudo o que ocorre). Essa característica narrativa possibilita que seja cumprida uma tarefa facilmente notada pelo leitor: mostrar o outro lado dos Capitães da Areia. O narrador, ao penetrar na mente dos garotos, apresenta não apenas as atitudes que a vida bestializada os obriga a tomar, mas também as aspirações, os pensamentos ingênuos e puros, comuns a qualquer criança. O narrador não se esforça por ser imparcial; participa com seus comentários, muitas vezes sutis, mas sempre favoráveis aos Capitães da Areia. 

Personagens
A obra não possui um personagem principal. Para indicar um protagonista, o mais apropriado seria apontar o conjunto do bando, ou seja, os Capitães da Areia como grupo. Isso porque as ações não giram em torno de um ou de outro personagem, mas ao redor de todos. Pedro Bala, o líder do bando, não é mais importante para o enredo do que o Sem-Pernas ou o Gato. Pode-se dizer que ele é o líder do bando, mas não lidera o eixo do romance. Daí a idéia de que o protagonista é o elemento coletivo, e cada membro do grupo funciona como uma parte da personalidade, uma faceta desse organismo maior que forma os Capitães da Areia. 

Pedro Bala: líder dos Capitães da Areia, tem o cabelo loiro e uma cicatriz de navalha no rosto, fruto da luta em que venceu o antigo comandante do bando. Seu pai, conhecido como Loiro, era estivador e liderara uma greve no porto, onde foi assassinado por policiais. 

Sem-pernas:
 deficiente físico, possui uma perna coxa. Preso e humilhado por policiais bêbados, que o obrigaram a correr em volta de uma mesa na delegacia até cair extenuado, Sem-Pernas conserva as marcas psicológicas desse episódio, que provocou nele um ódio irrefreável contra tudo e todos, incluindo os próprios integrantes do bando. 

Gato: 
é o galã dos Capitães da Areia. Bem-vestido, domina a arte da jogatina, trapaceando, com seu baralho marcado, todos os que se aventuram numa partida contra ele. Além dos furtos e do jogo, Gato consegue dinheiro como cafetão de uma prostituta chamada Dalva. 

Professor: intelectual do grupo, deu início às leituras depois de um assalto em que roubara alguns livros. Além de entreter os garotos, narrando as aventuras que lê, o Professor ajuda decisivamente Pedro Bala, aconselhando- o no planejamento dos assaltos. 

Pirulito: era o mais cruel do bando, até que, tocado pelos ensinamentos do padre José Pedro, converte-se à religião. Executa, com os demais, os roubos necessários à sobrevivência, sem jamais deixar de praticar a oração e sua fé em Deus. 

Boa-vida: o apelido traduz seu caráter indolente e sossegado. Contenta-se com pequenos furtos, o suficiente para contribuir para o bem-estar do grupo, e com algumas mulheres que não interessam mais ao Gato. 

João Grande: é respeitado pelo grupo em virtude de sua coragem e da grande estatura. Ajuda e protege os novatos do bando contra atos tiranos praticados pelos mais velhos. 
Volta Seca: admirador do cangaceiro Lampião, a quem chama de padrinho, sonha um dia participar de seu bando. 

Dora: 
seus pais morreram, vítimas da varíola, quando tinha apenas 13 anos. É encontrada com seu irmão mais novo, Zé Fuinha, pelo Professor e por João Grande. Ao chegar ao trapiche abandonado, onde os garotos dormem, Dora quase é violentada, mas, tendo sido protegida por João Grande, o grupo a aceita, primeiro como a mãe de que todos careciam, depois como a valente mulher de Pedro Bala. 

Padre José Pedro: padre de origem humilde, só conseguiu entrar para o seminário por ter sido apadrinhado pelo dono do estabelecimento onde era operário. Discriminado por não possuir a cultura nem a erudição dos colegas, demonstra uma crença religiosa sincera. Por isso, assume a missão de levar conforto espiritual às crianças abandonadas da cidade, das quais os Capitães da Areia são o grande expoente. 

Querido-de-Deus: grande capoeirista da Bahia, respeita o grupo liderado por Pedro Bala e é respeitado por ele. Ensina sua arte para alguns deles e exerce grande influência sobre os garotos.

Sobre Jorge Amado
Jorge Amado nasceu em Itabuna (BA), em 10 de agosto de 1912, e passou a infância em Ilhéus. Aos 19 anos surpreendeu a crítica e o público com o lançamento do romance "O País do Carnaval". Desenvolveu uma literatura politicamente engajada e, nos anos seguintes, publicou "Cacau" (1933), "Suor" (1934), Jubiabá" (1935) e "Capitães da Areia" (1937). 

Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, formando-se bacharel em ciências jurídicas e sociais. Em 1945 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo. Perdeu o mandato em 1948, depois que o PCB foi colocado na ilegalidade. Deixou o Brasil e viveu cinco anos na Europa e na Ásia. 

Com Gabriela, Cravo e Canela (1958) iniciou nova fase literária, marcada por um estilo picaresco, de personagens malandros e bufões. Morreu em 6 de agosto de 2001, em Salvador. É o romancista brasileiro mais traduzido e conhecido em todo o mundo. 

Suas principais obras são: "O país do carnaval" (1930), "Suor" (1934), "Mar Morto" (1936), "Capitães da areia" (1937), "Gabriela, cravo e canela" (1958), "A morte e a morte de Quincas Berro d’Água" (1961), "Dona Flor e seus dois maridos" (1966), "Tieta do agreste" (1977), "Farda, fardão, camisola de dormir" (1979) e muitas outras. (Guia do Estudante)






Análise da obra

Descaso social e o caráter jornalístico da obra
O romance "Capitães da Areia" começa com uma reportagem fictícia intitulada “Crianças ladronas”. A matéria narra minuciosamente um assalto à casa de um rico negociante, o comendador José Ferreira. De acordo com o texto, o crime fora praticado pelos Capitães da Areia, descritos como “o grupo de meninos assaltantes e ladrões que infestam a nossa urbe”.

Depois da reportagem, a introdução apresenta uma sequência de cartas de leitores do jornal. As duas primeiras são, respectivamente, do secretário do chefe de polícia (que atribui ao juiz de menores a responsabilidade pelos atos criminosos dos Capitães da Areia) e do juiz de menores (segundo o qual a tarefa de perseguir os menores é do chefe de polícia).

A carta de uma mulher, cujo filho estivera preso no reformatório, narra os horrores que eram praticados ali contra os menores infratores. Outra, do padre José Pedro (importante personagem e aliado dos garotos injustiçados), confirma a denúncia anterior, citando sua experiência no reformatório. O padre visitava o local para levar conforto espiritual aos meninos. A última carta – e a última palavra –, porém, é a do diretor do reformatório. Em seu texto, o diretor nega os maus-tratos dispensados aos menores na instituição que dirige, o que é uma hipocrisia, como se poderá observar no decorrer do livro.

Essa forma de início da obra é eloquente. Pode-se ver, na recriação literária de matérias jornalísticas, a tentativa de dar à história do grupo de meninos um caráter verídico e, ao mesmo tempo, demonstrar o que há de ficção nas reportagens publicadas. Ou seja, apesar de ser um romance, Capitães da Areia revela uma situação social real. De outro lado, as notícias veiculadas pela mídia, que muitas vezes atendem aos interesses das classes sociais mais ricas, podem estar permeadas de elementos mentirosos.

O descaso social com os meninos de rua é a tônica do romance. Em todos os capítulos, esse abandono é abordado, seja por meio da reflexão dos garotos ou da dos adultos que estão a seu lado, como o padre José Pedro e o capoeirista Querido-de-Deus, seja pelos sutis, mas mordazes, comentários do narrador.

O enredo, sobretudo no início, tem a função de caracterizar os personagens. Pode-se dizer que busca apresentar os Capitães da Areia, revelando a personalidade de cada integrante do grupo, suas ambições e frustrações.

Dos vários capítulos que compõem o romance, alguns são particularmente significativos. Em “As Luzes do Carrossel”, o bando, conhecido pela periculosidade, esbalda-se ao brincar em um decadente carrossel. Desde o líder, Pedro Bala, passando pelos seus mais destacados membros, a grande maioria se diverte de forma pueril no velho brinquedo.

Essa passagem é importante por fazer o contraponto à opinião vigente na alta sociedade baiana em relação aos Capitães da Areia. A visão de que os garotos eram bandidos sem recuperação, que deveriam ser tratados de forma desumana no reformatório, é confrontada com essa situação. Ao mostrar os garotos divertindo-se no “Grande Carrossel Japonês”, o narrador mostra a essência dos personagens do livro. Pedro Bala e seus comandados são apenas crianças socialmente desamparadas.

Ausência da figura materna
Outro capítulo que merece destaque é “Família”. Aqui, é mostrada a carência afetiva de um dos membros do grupo, o Sem-Pernas. O menino manco tinha grande talento para a dissimulação, por isso se especializara na tarefa de espião do bando. Ele se infiltrava na casa de famílias ricas, apresentando-se como pobre órfão que pedia um lugar para morar. Quando obtinha sucesso na empreitada, observava onde os moradores guardavam seus bens valiosos e informava o bando, que, dias depois, invadia a casa e a roubava.

Nesse capítulo, no entanto, Sem-Pernas é acolhido de forma sincera e amorosa pelos donos da casa, que o veem como o filho que havia morrido. Sem-Pernas vive então um conflito interno. Tratado como um verdadeiro filho, o garoto fica dividido entre a lealdade ao bando que o acolheu e os novos “pais” que lhe davam o carinho e o amor que nunca havia conhecido. Opta pela lealdade ao grupo, que invade e saqueia a casa.

Sem-Pernas é o personagem mais revoltado do bando, o integrante que menos demonstra capacidade de amar e de receber amor do próximo. Quando o narrador revela sua real necessidade de amor, acaba por transferir essa necessidade para todo o bando. Isso reforça a idéia de que são crianças para as quais falta a atenção das famílias e do Estado, e não simplesmente marginais que optaram por uma vida de crimes.

O capítulo “Dora, Mãe” deixa claro que os meninos, precocemente atirados à vida adulta, sentiam falta de uma figura materna que os embalasse e os consolasse. Os Capitães da Areia conheciam o sexo, praticado em geral com as “negrinhas do areal”. Por isso, quando Dora, uma menina de 13 anos, entra no trapiche em que vivem, todos a cercam com intenções libidinosas. Protegida pelo Professor, mas, sobretudo, por João Grande, Dora acabou conquistando o respeito dos meninos, que passaram a enxergar nela a figura materna havia muito ausente na vida deles. O primeiro a vivenciar esse sentimento é o Gato. Ao pedir a ela costure um caro paletó de casimira, sente as unhas de Dora em suas costas e lembra-se de Dalva, sua amante, mas logo reflete sobre a distinção: enquanto Dalva arranhava suas costas para despertar-lhe a libido, Dora o fazia apenas com o instinto materno de vê-lo bem vestido. O mesmo sentimento acaba sendo despertado em Volta Seca, Pirulito e nos demais Capitães da Areia, exceto o Professor e Pedro Bala. Este último iria amá-la, no futuro, como esposa.

Comentário do professor
"Capitães da Areia" foi publicado por Jorge Amado em 1937 e narra a história de um grupo de garotos de rua que se unem para assaltar pessoas e residências em Salvador. Segundo o professor Marcílio Lopes Couto, do Colégio Anglo, Jorge Amado tem uma visão piedosa dessas crianças, destacando que elas cometem os crimes porque são abandonadas. Não que ele apoie o roubo, mas é simpático aos garotos e tenta retratar as causas da situação.

Entre as personagens do livro, ele destaca Pedro Bala, líder do grupo de garotos e protagonista da história. “Ele passa de menino de rua a trabalhador engajado por melhores condições de vida e de trabalho. É o fio condutor da história”, declara Couto.

Outras personagens lembradas por Couto são Dora – amada de Pedro, que morre muito doente e abala o protagonista – e o padre José Pedro – que tenta levar os meninos para o caminho do bem e, apesar de não conseguir, trata-os com mais apreço que ninguém.

Pensando na prova do vestibular, o professor Marcílio Lopes comenta que é sempre possível que o vestibular peça paralelos com a atualidade, mas o mais comum é pedir paralelos entre as obras obrigatórias. Assim, ele elenca algumas dessas relações.

A primeira é com Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos – trabalho contemporâneo ao de Jorge Amado. Os dois livros abordam problemas sociais: Vidas Secas aponta mazelas da realidade rural, enquanto Capitães da Areia foca a realidade urbana, diferencia o professor.

O professor Couto destaca ainda que o texto de Amado pode aparecer no vestibular relacionado a problemas atuais de moradia, o que também pode ocorrer com outra obra exigida pela Fuvest, O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo. “Esses dois livros apontam diretamente para a questão urbana”, afirma o professor.

Já o livro de Eça de Queirós, A Cidade e as Serras (1901), guarda relação mais sutil com os conflitos da vida em cidades, lembra Couto. Segundo o professor, esse romance mostra a transição na vida de um homem (Jacinto) que vivia rodeado por riqueza em uma grande cidade (Paris), mas, infeliz, larga tudo para viver no campo português, onde encontra a felicidade.

Por fim, o professor relaciona Pedro Bala, de Capitães da Areia, a Leonardinho, protagonista de (1854). Ambos são anti-heróis, porque ocupam o centro das histórias e são caracterizados negativamente. Bala é um menino assaltante, Leonardinho, um malandro, que vive de bicos e não tem família constituída. (Guia do Estudante)


Sobre o autor

http://www.jorgeamado.org.br/?page_id=75