Festa
Literária no Céu
Rubem Alves
1933-2014
Ivan Junquira
1934-2014
Ariano Suassuna
1927-2014
João Ubaldo Ribeiro
1941-2014
Ninguém nos avisou com
antecedência dessa reunião no céu. Os literatos de plantão se foram, um a um.
E, nós, pobres leigos mortais, nem tivemos tempo, ou ciência de nos
despedirmos.
Primeiro Ivan, o Junqueira, deixando vazia a cadeira 37 da ABL,
silenciosos os versos que esperavam nascer indo dar-lhes à luz dO Outro Lado e sem tradução as obras que
o esperavam para serem saboreadas na língua portuguesa.
Seguindo os passos
de Junqueira rumo à morada eterna, com toda sua baianisse, nosso jornalista, cronista, professor, advogado, roteirista
de voz sensual, João, o Ubaldo Ribeiro, disponibilizando a cadeira 34 para quem
demonstrar o talento e sapiência que o acompanhou pelos seus 73 anos de
caminhada bem vividos. E, que esteja vivo na lembrança do povo que ele tanto
exaltou, Viva o Povo Brasileiro, pois
O Sorriso do Lagarto se calou.
Talvez a inveja (boa) tenha batido à porta do mineiro, e ele resolveu
seguir os amigos com a intenção de cuidar dos jardins celestiais. Por isso partiu
nosso psicanalista teólogo, educador,
cronista, poeta Rubem Alves. Quem sabe agora tenha desvendado os mistérios das
religiões que por tanto tempo o perseguiram, assim como os importunos da
ditadura. Suas palavras ficarão para nos direcionar nos momentos de crise
existencial, quando assim dizia: "Eu achava
que religião não era para garantir o céu, depois da morte, mas para tornar esse
mundo melhor, enquanto estamos vivos." É isso que também
acho.
E, agora lá vai Ariano, o Suassuna, talvez, dramatizar o Auto da Compadecida em um cenário
preparado à sua pessoa. Que Deus se
compadeça de nós, pela sua ausência e, que A
Pedra do Reino, seja o marco da saudade que fará ser lembrado por aqueles
que jamais o esquecerão e conhecido por aqueles que não foram agraciados por
tal oportunidade.
Enquanto, cá na terra, homenagens e
lágrimas são espalhadas, lá no céu o grande encontro deve estar sendo festejado
pelos anjos e querubins que terão a companhia eterna dos artistas das palavras.
A população celeste deve estar em júbilo, enquanto a minha biblioteca veste
luto. Descansem em paz!
Neuceli Maria
24/07/2014