domingo, 10 de novembro de 2013

Tempo de ser feliz
  
Tenho pressa de ser feliz.
Que horas?
Tem que ser agora!

                                                                            (Neuceli Maria)


sábado, 9 de novembro de 2013

Haicai

Um haicai ao dia e uma vida menos vazia...
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O que são os haikais (ou haicais)?
Haikai (俳句Haiku ou Haicai?) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas). Em português é escrito Haicai, no Brasil, e Haiku, em Portugal.
Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto haiku em L`ngua portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo . Muitas vezes, há uma pintura a acompanhar o haicai (ela é chamada de haiga). "Haijin" é o nome que se dá aos escritores desse tipo de poema, e principal haijin (ou haicaísta), dentre os muitos que destacaram-se nessa arte, foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual.
O formato tem suas raízes na renga, importante manifestação literária da cultura japonesa que remonta ao século XIII. Os versos eram escritos por vários autores, que respondiam a uma forma de "desafio elegante" entre si ao escrever.
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Haicais de Guilherme de Ameida

Haicais
Guilherme de Almeida

Consolo
A noite chorou
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.


Os andaimes
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.


Pescaria
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.


Romance
E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.


O haicai
Lava, escorre, agita
a areia. E enfim, na bateia,
fica uma pepita.


Guilherme de Almeida (Guilherme de Andrade de Almeida), advogado, jornalista, poeta, ensaísta e tradutor, nasceu em Campinas, SP, em 24 de julho de 1890, e faleceu em São Paulo, SP, em 11 de julho de 1969. Eleito para a Cadeira nº. 15 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Amadeu Amaral, em 6 de março de 1930, foi recebido, em 21 de junho de 1930, pelo acadêmico Olegário Mariano.

Em 1932 participou da Revolução Constitucionalista de São Paulo.

Distinguiu-se também como heraldista. É autor dos brasões-de-armas das seguintes cidades: São Paulo (SP), Petrópolis (RJ), Volta Redonda (RJ), Londrina (PR), Brasília (DF), Guaxupé (MG), Caconde, Iacanga e Embu (SP). Compôs também um hino a Brasília, quando a cidade foi inaugurada. Em concurso organizado pelo Correio da Manhã foi eleito, em 16 de setembro de 1959, “Príncipe dos Poetas Brasileiros”.

Era membro da Academia Paulista de Letras; do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; do Seminário de Estudos Galegos, de Santiago de Compostela; e do Instituto de Coimbra

Um dos promotores da Semana de Arte Moderna, em 1922, foi fundador da Klaxon, a principal revista dos modernistas.

Traduziu, entre outros, os poetas Paul Géraldy, Rabindranath Tagore, Charles Baudelaire, Paul Verlaine e, ainda, Huis clos (Entre quatro paredes) de Jean Paul Sartre.
Principais obras: Nós, poesia (1917); A dança das horas, poesia (1919); Messidor, poesia (1919); Livro de horas de Soror Dolorosa, poesia (1920); Era uma vez..., poesia (1922); A flauta que eu perdi, poesia (1924); Meu, poesia (1925); Raça, poesia (1925); Encantamento, poesia (1925); Do sentimento nacionalista na poesia brasileira, ensaio (1926); Ritmo, elemento de expressão, ensaio (1926); Simplicidade, poesia (1929); Você, poesia (1931); Poemas escolhidos (1931); Acaso, poesia (1938); Poesia vária (1947); Toda a poesia (1953).

Em 1931, tornou-se co-proprietário dos jornais paulistas Folha da Noite e Folha da Manhã. Manteve a coluna "Sombra Amiga" até o jornal mudar de dono, em 1945; nesse período criou também o Folha Informações (atual Banco de Dados de São Paulo).

Os haicais acima, foram extraídos do "Suplemento Cultural" do jornal "Ordem do Dia", editado pela Câmara Municipal de Campinas (SP), datado de junho de 2004, pág. 2.
Fonte:
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Leia haikais! Faz bem.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A poesia de Manoel de Barros

Histórias da unha do dedão do pé do fim do mundo

Manoel por Manoel
Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto.
Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação.
Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores.
(Digitado e conferido por mim mesmo em 12 de outubro de 2012 no livro Memórias inventadas – As Infâncias de Manoel de Barros, São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. p. 187)



Biografia:
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.
Tinha um ano de idade quando o pai decidiu fundar fazenda com a família no Pantanal: construir rancho, cercar terras, amansar gado selvagem. Nequinho, como era chamado carinhosamente pelos familiares,  cresceu brincando no terreiro em frente à casa, pé no chão, entre os currais e as coisas "desimportantes" que marcariam sua obra para sempre. "Ali o que eu tinha era ver os movimentos, a atrapalhação das formigas, caramujos, lagartixas. Era o apogeu do chão e do pequeno."
Com oito anos foi para o colégio interno em Campo Grande, e depois no Rio de Janeiro. Não gostava de estudar até descobrir os livros do padre Antônio Vieira: "A frase para ele era mais importante que a verdade, mais importante que a sua própria fé. O que importava era a estética, o alcance plástico. Foi quando percebi que o poeta não tem compromisso com a verdade, mas com a verossimilhança." Um bom exemplo disso está num verso de Manoel que afirma que "a quinze metros do arco-íris o sol é cheiroso." E quem pode garantir que não é? "Descobri que servia era pra aquilo: Ter orgasmo com as palavras." Dez anos de internato lhe ensinaram a disciplina e os clássicos a rebeldia da escrita.
Mas o sentido total de liberdade veio com "Une Saison en Enfer" de Arthur Rimbaud (1854-1871), logo que deixou o colégio. Foi quando soube que o poeta podia misturar todos os sentidos. Conheceu pessoas engajadas na política, leu Marx e entrou para a Juventude Comunista. Seu primeiro livro, aos 18 anos, não foi publicado, mas salvou-o da prisão. Havia pichado "Viva o comunismo" numa estátua, e a polícia foi buscá-lo na pensão onde morava. A dona da pensão pediu para não levar o menino, que havia até escrito um livro. O policial pediu para ver, e viu o título: "Nossa Senhora de Minha Escuridão". Deixou o menino e levou a brochura, único exemplar que o poeta perdeu para ganhar a liberdade.
Quando seu líder Luiz Carlos Prestes foi solto, depois de dez anos de prisão,Manoel esperava que ele tomasse uma atitude contra o que os jornais comunistas chamavam de "o governo assassino de Getúlio Vargas." Foi, ansioso, ouvi-lo no Largo do Machado, no Rio. E nunca mais se esqueceu: "Quando escutei o discurso apoiando Getúlio — o mesmo Getúlio que havia entregue sua mulher, Olga Benário, aos nazistas — não agüentei. Sentei na calçada e chorei. Saí andando sem rumo, desconsolado. Rompi definitivamente com o Partido e fui para o Pantanal".

Mas a idéia de lá se fixar e se tornar fazendeiro ainda não havia se consolidado no poeta. Seu pai quis lhe arranjar um cartório, mas ele preferiu passar uns tempos na Bolívia e no Peru, "tomando pinga de milho". De lá foi direto para Nova York, onde morou um ano. Fez curso sobre cinema e sobre pintura no Museu de Arte Moderna. Pintores como Picasso, Chagall, Miró, Van Gogh, Braque reforçavam seu sentido de liberdade. Entendeu então que a arte moderna veio resgatar a diferença, permitindo que "uma árvore não seja mais apenas um retrato fiel da natureza: pode ser fustigada por vendavais ou exuberante como um sorriso de noiva" e percebeu que "os delírios são reais em Guernica, de Picasso". Sua poesia já se alimentava de imagens, de quadros e de filmes. Chaplin o encanta por sua despreocupação com a linearidade. ParaManoel, os poetas da imagem são Federico Fellini, Akira Kurosawa, Luis Buñuel ("no qual as evidências não interessam") e, entre os mais novos, o americano Jim Jarmusch. Até hoje se confessa um "...'vedor' de cinema. Mas numa tela grande, sala escura e gente quieta do meu lado".
Voltando ao Brasil, o advogado Manoel de Barros conheceu a mineira Stella no Rio de Janeiro e se casaram em três meses. No começo do namoro a família dela — mineira — se preocupou com aquele rapaz cabeludo que vivia com um casaco enorme trazido de Nova York e que sempre se esquecia de trazer dinheiro no bolso. Mas, naquela época, Stella já entendia a falta de senso prático do noivo poeta. Por isso, até hoje Manoel a chama de "guia de cego". Stella o desmente: "Ele sempre administrou muito bem o que recebeu." E continuam apaixonados, morando em Campo Grande (MS). Têm três filhos, Pedro, João e Marta (que fez a ilustração da capa da 2a. edição do "Livro das pré-coisas") e sete netos.
Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, no Rio de Janeiro, cidade onde residiu até terminar seu curso de Direito, em 1949. Como já foi dito, mais tarde tornou-se fazendeiro e assumiu de vez o Pantanal.
Seu primeiro livro  foi publicado no Rio de Janeiro, há mais de sessenta anos, e se chamou "Poemas concebidos sem pecado". Foi feito artesanalmente por 20 amigos, numa tiragem de 20 exemplares e mais um, que ficou com ele.
Nos anos 80, Millôr Fernandes começou a mostrar ao público, em suas colunas nas revistas Veja e Isto é e no Jornal do Brasil, a poesia de Manoel de Barros. Outros fizeram o mesmo: Fausto Wolff, Antônio Houaiss, entre eles. Os intelectuais iniciaram, através de tanta recomendação, o conhecimento dos poemas que a Editora Civilização Brasileira publicou, em quase a sua totalidade, sob o título de "Gramática expositiva do chão".
Hoje o poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um "doce de coco". Foi também comparado a São Francisco de Assis pelo filólogo Antonio Houaiss, "na humildade diante das coisas. (...) Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor." Segundo o escritor João Antônio, a poesia deManoel vai além: "Tem a força de um estampido em surdina. Carrega a alegria do choro." Millôr Fernandes afirmou que a obra do poeta é "'única, inaugural, apogeu do chão." E Geraldo Carneiro afirma: "Viva Manoel violer d'amores violador da última flor do Laço inculta e bela. Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica". Manoel, o tímidoNequinho, se diz encabulado com os elogios que "agradam seu coração".
O poeta foi agraciado com o “Prêmio Orlando Dantas” em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro “Compêndio para uso dos pássaros”. Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra “Gramática expositiva do chão” e, em 1997, o "Livro sobre nada” recebeu o  Prêmio Nestlé, de âmbito nacional. Em 1998, recebeu o Prêmio Cecília Meireles (literatura/poesia), concedido  pelo Ministério da Cultura.
Numa entrevista concedida a José Castello, do jornal "O Estado de São Paulo", em agosto de 1996, ao ser perguntado sobre qual sua rotina de poeta, respondeu:
"Exploro os mistérios irracionais dentro de uma toca que chamo 'lugar de ser inútil'. Exploro há 60 anos esses mistérios. Descubro memórias fósseis. Osso de urubu, etc. Faço escavações. Entro às 7 horas, saio ao meio-dia. Anoto coisas em pequenos cadernos de rascunho. Arrumo versos, frases, desenho bonecos. Leio a Bíblia, dicionários, às vezes percorro séculos para descobrir o primeiro esgar de uma palavra. E gosto de ouvir e ler "Vozes da Origem". Gosto de coisas que começam assim: "Antigamente, o tatu era gente e namorou a mulher de outro homem". Está no livro "Vozes da Origem", da antropóloga Betty Mindlin. Essas leituras me ajudam a explorar os mistérios irracionais. Não uso computador para escrever. Sou metido. Sempre acho que na ponta de meu lápis tem um nascimento."
Diz que o anonimato foi "por minha culpa mesmo. Sou muito orgulhoso, nunca procurei ninguém, nem freqüentei rodas, nem mandei um bilhete. Uma vez pedi emprego a Carlos Drummond de Andrade no Ministério da Educação e ele anotou o meu nome. Estou esperando até hoje", conta. Costuma passar dois meses por ano no Rio de Janeiro, ocasião em que vai ao cinema, revê amigos, lê e escreve livros.
Não perdeu o orgulho, mas a timidez parece cada vez mais diluída. Ri de si mesmo e das glórias que não teve. "Aliás, não tenho mais nada, dei tudo para os filhos. Não sei guiar carro, vivo de mesada, sou um dependente", fala. Os rios começam a dormir pela orla, vaga-lumes driblam a treva.  Meu olho ganhou dejetos, vou nascendo do meu vazio, só narro meus nascimentos."
O diretor Pedro Cezar filma "Só dez por cento é mentira", um documentário sobre a vida do poeta que deverá ser exibido em abril de 2007. O título do filme refere-se a uma frase de Manoel de Barros: "Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira".
Fonte:http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp


 "Difícil fotografar o silêncio", de Manoel de Barros


Perfil do autor:


Cronologicamente pertence à geração de 45.
Poeta moderno no que se refere ao trato com a linguagem.
Avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao chavão.
Mutilador da realidade e pesquisador de expressões e significados verbais.
Temática regionalista indo além do valor documental para fixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas do cotidiano.
Inventa a natureza através de sua linguagem, transfigurando o mundo que o cerca.
Alma e coração abertos a dor universal.
Tematiza o Pantanal, universalizando-o.
A natureza é sua maior inspiração, o Pantanal é o de sua poesia.

Obras
Poemas concebidos sem pecado - 1937,
Face imóvel - 1942,
Poesias - 1956,
Compêndio para uso dos pássaros - 1960,
Gramática expositiva do chão - 1966,
Matéria de poesia - 1970,
Arranjos para assobio - 1980,
Livro de pré-coisas - 1985,
O guardador de águas - 1989,
Gramática expositiva do chão - poesia quase toda - 1990,
Concerto a céu aberto para solo de aves - 1993,
Livro de ignorãças - 1993,
Livro sobre nada -1996,
Ensaios fotográficos - 2000,
Exercícios de ser criança - 2000,
O fazedor de amanhecer - 2001,
Tratado geral das grandezas do ínfimo - 2001,
Para encontrar o azul eu uso pássaros - 2003,
Memórias Inventadas - Infância - 2003,
Cantigas por um passarinho à toa - 2003,
Encantador de palavras- Edição de portuguesa - 2000,
Les paroles sans limite - Edição francesa - 2003,
Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha - 2003,
Águas - 2001,
Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Alkzent - 1996,
Poemas rupestres - 2004,
Memórias inventadas I - 2005,
Memórias inventadas II - 2006,

Livros Premiados
1.“Compêndio para uso dos pássaros”
Prêmio Orlando Dantas - Diário de notícias
08 de setembro de 1960 - Rio de Janeiro
2.“Gramática expositiva do chão”
Prêmio Nacional de poesias - 1966
Governo Costa e Silva - Brasília
3.“O guardador de águas”
Prêmio Jabuti de poesias - 1989 - São Paulo
4.“Livro sobre nada”
Prêmio Nestlé de Poesia - 1996
5.“Livro das Ignorãnças”
Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional
Rio de Janeiro - 1996
6.Conjunto de obras
Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura
05 de novembro de 1998
7.Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor escritor do ano 1990
“Prêmio Jacaré de Prata”
8.Livro “Exercício de ser criança”
Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil - 2000
9.Livro “Exercício de ser criança” - 2000
Prêmio Academia Brasileira de Letras
10.Pen Clube do Brasil- data não anotada
11.“O fazedor de amanhecer (Salamandra) - livro de ficção do ano
Prêmio Jabuti- 2002
12.“Poemas Rupestres” - Prêmio APCA 2004 de melhor poesia- 29 de março de 2005
13.“Poemas Rupestres” - Prêmio Nestlé - 2006
 Fontehttp://www.fmb.org.br/index.php?idp=3
   
   
       


Documentário

Só Dez Por Cento é Mentira (Manoel de Barros) - 2008

"Nasceu com uma anomalia incurável: nasceu poeta."

sábado, 2 de novembro de 2013

A literatura e a Revolução Francesa

"A Tomada da Bastilha", pintura de Jean-Pierre Louis Laurent Houel (1735-1813)


Cinema e literatura mostram diferentes visões sobre a Revolução Francesa

Livro de Charles Dickens e filme com Gérard Depardieu mostram perspectivas diferentes do evento


Ascensão do Iluminismo e decadência do Absolutismo marcaram a história ocidental do século 18. Os novos ideiais, difundidos na Europa e da América do Norte, alimentaram a eclosão das chamadas revoluções burguesas: a Industrial (1760), a Americana (1776) e a Francesa (1789).
Assunto recorrente dos vestibulares, a Revolução Francesa não pode passar batida pelos leitores. Por isso, selecionamos três obras sobre o período: o livro Um Conto de Duas Cidades, clássico de Charles Dickens (1812 - 1870) e os filmes A Queda da Bastilha (baseado na obra de Dickens e indicado ao Oscar de melhor filme em 1937) e Danton - O processo da revolução (importante referência sobre a situação política e social em Paris, durante a Revolução).

LIVRO: UM CONTO DE DUAS CIDADES (Tale of Two Cities, 580 páginas)
Publicado por Dickens em 1859, destaca a condição dos desfavorecidos em contraponto à nobreza europeia. O autor narra desde a fase em que os camponeses começavam a se organizar para derrotar os aristocratas até a turbulenta tomada da Bastilha e os tempos da guilhotina.
Repleto de paralelos entre as sociedades francesa e londrina da época da Revolução, o livro tem seus personagens transitando entre Inglaterra e França. Os personagens principais são: Charles Darnay (aristocrata francês de ideais democratas mas que acaba vítima da Revolução por sua origem familiar), Sydney Carton (virtuoso advogado britânico que se sacrifica em nome da ética, da justiça e de seu amor por Lucie Manette, esposa de Darnay) e a própria Lucie (filha de um ex-prisioneiro da Bastilha libertado pelos camponeses).

SAIBA MAIS: Ecos da Revolução Francesa (AVENTURAS NA HISTÓRIA) 


FILME: A QUEDA DA BASTILHA (EUA, 1935)
Adaptação do romance Um Conto de Duas Cidades, o filme acompanha a trama de Dickens desde o primeiro envolvimento de Sydney Carton com a vida de Charles Darnay e de Lucie Manette até o decisivo tribunal a que se submete Carton.
Lucie Manette se muda com seu pai para Londres após resgatá-lo de uma prisão de 18 anos na Bastilha. Enquanto isso, na França, o aristocrata francês Charles Darnay é acusado pela Revolução de ser espião do Antigo Regime e é defendido pelo advogado Sydney Carton. A produção foi indicada ao Oscar de melhor filme em 1935.

SAIBA MAIS: A queda da monarquia francesa (AVENTURAS NA HISTÓRIA) 

FILME: DANTON - O processo da revolução (França/Polônia, 1982)
Danton (Gérard Depardieu), um dos líderes da Revolução, retorna a Paris em 1794 e constata os desmandos do comitê de segurança revolucionário. Decidido a enfrentar o governo para restabelecer os princípios originais da Revolução, entra em conflito com seu antigo aliado, Robespierre.
Dirigido pelo polonês Andrzej Wajda, o filme retrata o período conhecido como "Terror" (entre 1794 e 1795), em que as pessoas acusadas de contrarrevolucionárias eram enviadas à guilhotina sumariamente.

SAIBA MAIS: Enciclopédia da guilhotina (AVENTURAS NA HISTÓRIA) 

Fonte: uiadoestudante.abril.com.br/estudar/saiba-mais/cinema-e-literatura-mostram-diferentes-visoes-sobre-a-revolucao-francesa-533036.shtml
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Danton - O Processo da Revolução
Sinopse e detalhes

Na primavera de 1794, Danton (Gérard Depardieu) retorna a Paris e constata que o Comitê de Segurança, sob a incitação de Robespierre (Wojciech Pszoniak), inicia várias execuções em massa. O povo, que já passava fome, agora vive um medo constante, pois qualquer coisa que desagrade o poder é considerado um ato contra-revolucionário. Nem mesmo Danton, um dos líderes da Revolução Francesa, deixa de ser acusado. Os mesmos revolucionários que promulgaram a Declaração de Direitos do Homem implantaram agora um regime onde o terror impera. Confiando no apoio popular, Danton entra em choque com Robespierre, seu antigo aliado, que detém o poder. O resultado deste confronto é que Danton acaba sendo levado a julgamento, onde a liberdade, a igualdade e a fraternidade foram facilmente esquecidas.


Realismo/Naturalismo

Literatura

O QUE É REALISMO?

quebradores  de  pedras

O título da pintura que ilustra este texto é Quebradores de pedras, de Gustave Couberte foi classificada por Pierre-Joseph Proudhon (filósofo francês) como a primeira obra socialista. O diferencial dessa  obra é o fato de retratar a  classe operária no  exercício de sua função. Coubert retratava pessoas comuns em situações reais. Na literatura, o  Realismo é o movimento que, afastando-se da idealização característica do Romantismo, aborda temas, até então considerados tabu, como o incesto, a infidelidade, o questionamento religioso.
Três grandes movimentos literários surgiram na segunda metade do século XIX: Realismo, Naturalismo e Parnasianismo.  Coutinho (1995)  lembra-nos de que “antes de se concretizarem numa época histórica, eles eram técnicas ou temperamentos  artísticos” (p. 178). Em  literatura,  o  Realismo indica a preferência pelos  fatos e  a descrição da  sociedade  como  ela  de fato  é –  o  que  o  afasta do idealismo  romântico. A palavra  foi usada pela  primeira vez em 1857 por Champfleury; no mesmo  ano,  Gustave Flaubert  lançou  Madame  Bovary, o  que marcou a  fixação do Realismo  na  França. Em  1885,  o termo  foi definitivamente associado às  artes visuais com a publicação do catálogo da  exposição de  Coubert.
Como  características gerais do  Realismo,  podemos  apontar as seguintes:
  • Apresentação da  realidade e objetividade. Ao  contrário do  que  acontecia no movimento artístico e literário anterior, o escritor realista busca fugir do sentimentalismo e da artificialidade.  Na  tentativa de  descrição objetiva da realidade, os escritores  e  pintores passaram a  retratar  a classe social  que melhor representava as  cidades: os operários.
  • Retrato fiel dos personagens. Os incidentes do enredo são decorrentes do caráter dos  personagens. O Realismo coincide com o desenvolvimento da  Psicologia.
  • Narrativas  lentas. A narrativa realista é rica em detalhes; há  um  interesse maior pela caracterização do que  pela ação. Assim,  temos textos  em  media res (em  que  o  início da  obra  não coincide com o  início da história  contada).

Algum tempo hesitei se devia  abrir estas memórias pelo princípio ou pelo  fim,  isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou  a  minha morte. Suposto o  uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a  adotar diferente método: a primeira é  que eu não  sou  exatamente  um autor  defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou  sua  morte, não a pôs  no  intróito, mas no  cabo: a diferença  radical  entre este  livro e o Pentateuco. (ASSIS, 1994, p. 17)

  • Retrato da  vida contemporânea. O artista do Realismo preocupa-se em retratar homens e mulheres, emoções, sucessos e fracassos. A  arte será  um retrato das minas, cortiços, cidades, fábricas, política, relações conjugais. Essa característica  aparecerá  também no Naturalismo, que  se configura como uma ampliação do ideal realista.  A obra Dom  Casmurro, de Machado de  Assis, é um exemplo dessa representação do cotidiano: a instituição do matrimônio é questionada por meio da desconfiança de Bentinho. O mesmo podemos  observar em O primo Basílio, do português Eça de  Queirós.
O  momento  histórico em  que  se insere o Realismo é  a  Revolução  Industrial. O  uso das  máquinas chegou  também  ao  campo  e muitas famílias  ficaram  sem  sua  fonte de  sustento, o  que as  empurrou  em  direção às  cidades, que   não tinham como  acomodar tantos operários  recém-chegados.
No  Brasil,  o  período coincidiu  com  o  reinado de  D. Pedro  II e  a valorização das lavouras de café, cacau  e  extração de  borracha. O  progresso  propiciado pela  industrialização não combinava com  a  exploração de  mão de obra  escrava e as ideias abolicionistas – herdadas da  Terceira  Geração do Romantismo – davam  o  tom da  literatura ao lado  das  correntes republicanas e científicas.  Enquanto isso,  em  Portugal, o grupo liderado por  Antero  de Quental propunha  a  mudança  da  literatura e da sociedade portuguesa, o  que foi compreendido pelo  governo  como  um atentado ao Estado e à Igreja.  Do grupo português  participaram  Antero de  Quental,  Teófilo  Braga,  Eça de  Queirós, Ramalho  Ortigão e Guerra  Junqueira.
Referências:
ASSIS, M.  Memórias póstumas de  Brás Cubas.  São  Paulo: Ática, 1994.
COUTINHO,  A. Introdução  à literatura  no Brasil. 16.ed. São Paulo:Bertrand, 1995


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Realismo – Autores, Livros, Obras e Características.

Realismo  foi uma escola literária que combatia os ideais românticos. O surgimento ocorreu enquanto o mundo vivenciava o nascimento do socialismo e da segunda Revolução Industrial.
Realismo em Portugal  teve como marco inicial a Questão Coimbrã (1865), quando se defrontam, de um lado, os jovens estudantes de Coimbra, atentos às novas idéias que vinham da França, Inglaterra e Alemanha e, de outro, os velhos românticos de Lisboa.
O Realismo foi inaugurado em 1881 no Brasil. Nesse ano duas obras se destacaram: O mulato, de Aluísio de Azevedo, e Memórias póstumas de Brás Cuba, de Machado de Assis.
Características do Realismo.
O objetivismo aparece como negação do subjetivismo romântico; o universalismo ocupa o lugar do personalismo. O sentimentalismo cede terreno ao materialismo. O Realismo se preocupava apenas com o presente, com o contemporâneo.
Com o desenvolvimento das ciências, muitos autores foram influenciados no século XIX, principalmente os naturalistas, donde se pode falar em cientificismo nas obras desse período.
Os autores realistas são antimonárquicos e negam a burguesia.
Realismo é uma denominação genérica de uma escola literária que abrange as seguintes tendências:
Romance realista – Narrativa voltada para a análise psicológica e que critica a sociedade e partir do comportamento de determinados personagens, em geral, capitalistas. O romance realista tem caráter documental, sendo o retrato de uma época.
Romance naturalista - Marcada pela vigorosa análise social a partir de grupos humanos marginalizados, em que se valoriza o coletivo. O naturalismo apresenta romances experimentais.
Autores
Machado de Assis – Se destacou como romancista realista. Apesar de ter escr obras romanticas,  como RessurreiçãoA mão e a luvaHelena e Iaiá Garcia.
Algumas obras realistas de Machado de Assis: Memórias póstumas de Brás Cubas,Quincas Borba e Dom Casmurro.
Aluísio de Azevedo – Escreveu alguns romances românticos, os quais chamou de “comerciais”, pois eram os que mais vendiam. Mas suas maiores obras foram os romances naturalistas, como O mulatoCasa de pensão e O cortiço.

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Filmes que abordam o Realismo/Naturalismo
CAPITU - 1968
Nome Original: Capitu
Direção: Paulo César Saraceni
Elenco: Isabella, Othon Bastos, Raul Cortez, Marília Carneiro, Nelson Dantas, Maria Morais, Wagner Lancetta
Ano: 1968
Duração: 105 min
Cor: Preto e Branco
Capitu e Bentinho, casados recentemente, vivem dias felizes na rica mansão da família. Próximo a eles, Sancha e Escobar, seus amigos de infância, também gozam um casamento feliz. Amigos íntimos, os dois casais se divertem juntos em festas e passeios, chegando a planejar o casamento entre seus filhos. Mas o ciúme doentio de Bentinho por Capitu transforma totalmente a vida do casal. Bentinho destrói sua vida ao fixar-se na ideia de que sua mulher, Capitu, é amante de seu melhor amigo e passa a desconfiar que seu filho é fruto desse adultério. Adaptação do clássico "Dom Casmurro" de Machado de Assis.
Charles Chaplin - O grande ditador, The pilgrin, A dog's life, A night out, By the sea, Dough and dynamite, A weman, Behind the screen.
- A estrela oculta do sertão0
- O show de Trumman
- Império do Sol
- Desmundo
- Monteiro Lobato, furacão ma botocúndia
- Contos proibidos do Marquês de Sade
- Dom
- Documentário Clarice Lispector
- Minissérie Desejo
- CD Cora Coralina
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- Becoming Jane
- CD Poemas Místicos do Oriente
- Minissérie Agosto
- Minissérie Um só coração
- Pequeno Milagre
- Dom